sexta-feira, 18 de abril de 2008
Falando da Ilha...
O universo insular é como diz Diegues (1998), “(…) um símbolo polissêmico, com vários conteúdos e significados que variam de acordo com a História e as sociedades” (DIEGUES. 1998.13), ao se iniciar este trabalho de pesquisa, na Ilha dos Marinheiros em 1999, se defrontou-se com este mundo em miniatura, este ambiente insular repleto de imagens que se formam a seu respeito, e que são distintas das dos nativos daquele ambiente insular. Limitados por um isolamento geográfico, esta população desenvolveu uma cultura própria e um modelo de sociedade caracterizado, não só pela herança cultural recebida de seus antepassados, mas de características sócio-culturais próprias de habitantes do mundo insular.
O imaginário do homem do continente está repleto de imagens sobre as ilhas e seus habitantes. Antes de iniciar este trabalho não era diferente com este pesquisador. Por já haver estudado a história da ilha, sabia-se um pouco, sobre sua história, sua população e sua cultura. Todavia, entre a imaginação e o pseudo conhecimento que se achava possuir sobre a ilha e os ilhéus, existia uma enorme diferença com relação a realidade.
Para um etnólogo, um antropólogo ou mesmo um fotógrafo, a função do “flâneur” , se fazia necessário desempenhar. Também air como Marcel Mauss, aponta em seu Manual de Etnografia ( 2006), quando se refere como observar e identificar os lugares onde se irá trabalhar e qualquer manual de fotografia aponta técnicas de procedimento para o fotógrafo trabalhar. Assim, estás foram as principais características das primeiras idas à ilha dos Marinheiros.
Após algumas viagens realizadas à ilha, era necessário, para se entender a cultura do ilhéu, se inserir na comunidade. Assim, tendo-se observado profundamente a sociedade ilhéu, estabeleceu-se uma forma de procedimntos básicos, de forma a se definir como se realizaria o trabalho.
As relações com os ilhéus, tiveram início em 1999, nas visitas a cada casa e a cada família da ilha, onde se apresentava-se, conversava-se e realizava-se fotografias sómente quando autorizado. A práxis, sugerida por John Collier Jr. (1974), onde as imagens eram devolvidas ampliadas em cada nova visita, foram feitas desde o início. Isto se fez nos últimos nove anos, de forma ininterrupta, fazendo com que a investigação participante, rende-se alguns milhares de imagens fotográficas, e um relacionamento que ultrapassava a simples “observação participante”. O fato de ter sido aceito como um deles, e participado de inúmeros eventos na comunidade, contribuiu muito para isto.
Percebe-se a importância do dizer de Malinowski, em suas sugestões na introdução do livro “Os Argonautas do Pacífico Ocidental”, quando diz que, “(…) recomenda-se ao etnógrafo que de vez em quando deixe de lado máquina fotográfica, lapis e caderno, e participe pessoalmente do que está acontecendo”. (MALINOWSKI. 1984.31).
A observação atenta, com a inserção na comunidade e as exaustivas visitas, aos finais de semana à ilha dos Marineiros, levaram à uma aceitação por parte da comunidade, como alguém que se interessava pore eles, por seus problemas e que passava horas a fio sentado a escutá-los, sem apressar-se nunca. Sómente quando autorizado, ainda que tacitamente, se começava a fotografar.
As fotografias que retornavam aos ilhéus, eram verdadeiros passaportes para as novas etapas do projeto. Não raro, se era atacado por alguém, na ilha, que ofendido dizia; “Quando é que vão me fotografar? Já fotografaram a todos os meus vizinhos e eles já receberam as fotos! Estou esperando que apareçam lá em casa!, para fazerem as fotos e conversarem…”.
Com a inserção conseguida na comunidade da Ilha dos Marinheiros, as visitas semanais a diversos integrantes da comunidade insular, passaram a ser rotina e as fotografias ansiosamente aguardadas por eles, verdadeiros “abridores de memória”, pois reavivavam fatos, acontecimentos e mediavam as entrevistas fazendo com que compartilhassem não só as informações sobre a história da comunidade, mas muito da intimidade de cada um.
Percebeu-se que a grande maioria dos ilhéus ou era de idade muito avançada ou eram de crianças em fase escolar. A simplicidade era então uma característica desta sociedade como diz Azevedo (2003) sobre o habitante da Ilha dos Marinheiros, “(…) ser ilhéu não é sinônimo de incapacidade. Pela pureza e humildade, pelo sofrimento, por nos fazer acreditar, novamente, num futuro melhor”(AZEVEDO.2003.16) , ser ilhéu “(…) sintetiza o encanto e a tradição fascinante que acolhe a todos, é um produto da cultura rural portuguesa, onde pessoas de hábitos singelos não foram absorvidas de todo pela modernidade”. (AZEVEDO. 2003. 21). O que é uma singulariedade cultural desta sociedade
O imaginário do homem do continente está repleto de imagens sobre as ilhas e seus habitantes. Antes de iniciar este trabalho não era diferente com este pesquisador. Por já haver estudado a história da ilha, sabia-se um pouco, sobre sua história, sua população e sua cultura. Todavia, entre a imaginação e o pseudo conhecimento que se achava possuir sobre a ilha e os ilhéus, existia uma enorme diferença com relação a realidade.
Para um etnólogo, um antropólogo ou mesmo um fotógrafo, a função do “flâneur” , se fazia necessário desempenhar. Também air como Marcel Mauss, aponta em seu Manual de Etnografia ( 2006), quando se refere como observar e identificar os lugares onde se irá trabalhar e qualquer manual de fotografia aponta técnicas de procedimento para o fotógrafo trabalhar. Assim, estás foram as principais características das primeiras idas à ilha dos Marinheiros.
Após algumas viagens realizadas à ilha, era necessário, para se entender a cultura do ilhéu, se inserir na comunidade. Assim, tendo-se observado profundamente a sociedade ilhéu, estabeleceu-se uma forma de procedimntos básicos, de forma a se definir como se realizaria o trabalho.
As relações com os ilhéus, tiveram início em 1999, nas visitas a cada casa e a cada família da ilha, onde se apresentava-se, conversava-se e realizava-se fotografias sómente quando autorizado. A práxis, sugerida por John Collier Jr. (1974), onde as imagens eram devolvidas ampliadas em cada nova visita, foram feitas desde o início. Isto se fez nos últimos nove anos, de forma ininterrupta, fazendo com que a investigação participante, rende-se alguns milhares de imagens fotográficas, e um relacionamento que ultrapassava a simples “observação participante”. O fato de ter sido aceito como um deles, e participado de inúmeros eventos na comunidade, contribuiu muito para isto.
Percebe-se a importância do dizer de Malinowski, em suas sugestões na introdução do livro “Os Argonautas do Pacífico Ocidental”, quando diz que, “(…) recomenda-se ao etnógrafo que de vez em quando deixe de lado máquina fotográfica, lapis e caderno, e participe pessoalmente do que está acontecendo”. (MALINOWSKI. 1984.31).
A observação atenta, com a inserção na comunidade e as exaustivas visitas, aos finais de semana à ilha dos Marineiros, levaram à uma aceitação por parte da comunidade, como alguém que se interessava pore eles, por seus problemas e que passava horas a fio sentado a escutá-los, sem apressar-se nunca. Sómente quando autorizado, ainda que tacitamente, se começava a fotografar.
As fotografias que retornavam aos ilhéus, eram verdadeiros passaportes para as novas etapas do projeto. Não raro, se era atacado por alguém, na ilha, que ofendido dizia; “Quando é que vão me fotografar? Já fotografaram a todos os meus vizinhos e eles já receberam as fotos! Estou esperando que apareçam lá em casa!, para fazerem as fotos e conversarem…”.
Com a inserção conseguida na comunidade da Ilha dos Marinheiros, as visitas semanais a diversos integrantes da comunidade insular, passaram a ser rotina e as fotografias ansiosamente aguardadas por eles, verdadeiros “abridores de memória”, pois reavivavam fatos, acontecimentos e mediavam as entrevistas fazendo com que compartilhassem não só as informações sobre a história da comunidade, mas muito da intimidade de cada um.
Percebeu-se que a grande maioria dos ilhéus ou era de idade muito avançada ou eram de crianças em fase escolar. A simplicidade era então uma característica desta sociedade como diz Azevedo (2003) sobre o habitante da Ilha dos Marinheiros, “(…) ser ilhéu não é sinônimo de incapacidade. Pela pureza e humildade, pelo sofrimento, por nos fazer acreditar, novamente, num futuro melhor”(AZEVEDO.2003.16) , ser ilhéu “(…) sintetiza o encanto e a tradição fascinante que acolhe a todos, é um produto da cultura rural portuguesa, onde pessoas de hábitos singelos não foram absorvidas de todo pela modernidade”. (AZEVEDO. 2003. 21). O que é uma singulariedade cultural desta sociedade
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