sexta-feira, 27 de junho de 2008

Considerações

Quando se visita a Ilha dos Marinheiros pela primeira vez, fica-se impressionado com a mágica do lugar. Talvez, o olhar ao se debruçar sobre o verde, os ouvidos ao escutarem o borbulhar do mar e o olfato ao perceber aquele cheirinho puro de ar e liberdade, tornem a ilha, parte de um sonho que se teve quando criança. Depois a fantástica acolhida que se recebe dos ilhéus, e o poder partilhar de sua história, seus sonhos, seus anseios e desejos, mostram que a vida é mais do que relógios a ditarem o andar das pernas e o fazer das coisas.

A vida que se percebe ali, é de uma existência fundamentada na exteriorização dos aprendizados feitos através da experiência e do próprio tempo, os quais, datam da época em que os mitos estavam a serem criados e as lendas eram apenas histórias dos acontecimentos ocorridos no dia anterior. Ali se descobre que cada homem antigo é uma enciclopédia sobre a própria cultura e a sua sociedade.

Percebe-se nesse trabalho de dissertação, que a religiosidade, e a fé no sobrenatural, é que ditam a ordem social naquela sociedade. Verifica-se que o indíviduo se adapta ao tempo dos ventos e das marés e faz com que a sociedade insular, embora, corrompida pelo cotidiano da modernidade, busque re-encontrar no tempo mítico, o sagrado e os valores da própria existência.

É, pois, destes encontros e re-encontros, que o homem da Ilha dos Marinheiros re-estabelece a harmonia com o sobrenatural, e prepara-se para se confrontar com o profano, até a próxima festa, fazendo com que o fato social, ainda que individual, seja a expressão cultural que exprime a geografia social do ilhéu.

Partilhar desta experiência do “marinhense” é uma dádiva, foi uma dádiva, e a obrigação de se retribuir, se faz neste trabalho. Com as imagens fotográficas foi possível, como diz Marc Augé, pela curiosidade do etnológo “devolver(em) àqueles os quais investiga o gosto pelas origens”(AUGÉ.2007.44).

Por outro lado, o papel da fotografia, imagem estática, e utilizada como escritura narrativa, leva o observador a chegar a uma compreensão maior e mais verdadeira dos valores sociais, culturais e rituais dos marinhenses, permitindo um maior conhecimento antropológico e etnográfico desta população, sem ter que ir até o lugar, mas pela observação das fotografias.

É sua condição icônica, que na duplicação visual do mundo, vai descortinando, de forma indélevel, novas visões dos fenômenos sociais, no caso vivenciados pelos ilhéus e registrados pelas fotografias.

São visões estas que na observação presencial, muitas vezes são ineficazes, pois o olhar deixa de apreender pela existência do movimento, que é perturbador para o ser humano e para a visão natural, mas, que a mediatização da fotografia, enquanto processo fotoetnográfico, capta e narra como instrumento cientifico, pois permite a re-observação do mesmo fenômeno.

A cientificidade dos trabalhos etnográficos, antes dominada pela escrita e pelo pensamento narrativo tradicional, com o uso da fotoetnografia, leva a academia agora a curvar-se frente as novas tecnologias hipertextuais, que o trabalho de campo fotoetnográfico vai “desreificando” do próprio exagero do grafocentrismo. Pode-se esplanar o conhecimento científico, também de outra forma, permitindo que a esplanação dos objetos de estudo, contemplem o dialógo entre a grafia tradicional e a imagem.

Estas outras maneiras de apresentar um “ethos” e a imersão cultural e humana existente no fenômeno no campo antropológico, são contemplados não só com a fotoetnografia, mas também com fotoetnotextografia.

Existem ainda duas considerações a serem feitas e ambas se referem à utilização da fotografia na antropologia visual e ao seu uso neste estudo “Fotoetnotextográfico”, feito sobre o Ilhéu, seus mitos e a sua religiosidade na Ilha dos Marinheiros.

A fotografia, mais do que qualquer coisa, descortinou diante do olhar dos próprios ilhéus, a sua vida. Eles se viram protagonistas do seu viver e puderam aprender sobre si mesmos, em um mundo que cada vez se comunica mais por imagens, e tem tanta dificuldade para se enxergar, pois as pessoas se vêem demais.

Percebe-se, finalmente, que este trabalho re-afirma o que já se sabia. Se aprende com o olhar, com as imagens e não se pode tentar, então, explicá-lo somente com palavras, sem a mágica do visual, sem a “áurea”que Walter Benjamim dizia que a fotografia tinha.

É na unidade que está o desfecho para a maioria, senão a totalidade das soluções das dificuldades para se apresentar o “outro”, para se compreender o outro. A imagem fotográfica é uma destas ferramentas, pois ainda apresenta a verosimilhança com a realidade, e é, em muitas vezes, esclarecedora para a compreensão dos fenômenos sociais que se observa.

A interdisciplinariedade dos conhecimentos não pode ser submetida a uma única forma de expressão e descrição. Que caiam barreiras, que se abram os olhos e que a superficie branca de uma folha, ainda imaculada pela ausência de “registros”, absorva tanto palavras como imagens, com a mesma importância científica, na área das ciências sociais.

domingo, 22 de junho de 2008

Falando de Fotoetnografia...

Por outro lado, o papel da fotografia, imagem estática, e utilizada como escritura narrativa, leva o observador a chegar a uma compreensão maior e mais verdadeira dos valores sociais, culturais e rituais desta população, permitindo um maior conhecimento antropológico e etnográfico desta população, sem ter que ir até o lugar, mas pela observação das fotografias.

É sua condição icônica, que na duplicação visual do mundo, vai descortinando, de forma indélevel, novas visões dos fenômenos sociais, no caso vivenciados pelos ilhéus e registrados pelas fotografias.

São visões estas que na observação presencial, muitas vezes é ineficaz, pois o olhar deixa de apreender pela existência do movimento, que é perturbador para o ser humano e para a visão natural, mas, que a mediatização da fotografia, enquanto processo fotoetnográfico, capta e narra como instrumento cientifico, pois permite a re-observação do mesmo fenômeno.

A cientificidade dos trabalhos etnográficos, antes dominada pela escrita e pelo pensamento narrativo tradicional, com a fotoetnografia leva a academia agora a curvar-se frente as novas tecnologias hipertextuais, que o trabalho de campo fotoetnográfico, vai “desreificando” do próprio exagero do grafocentrismo. Pode-se esplanar o conhecimento científico, também de outra forma, permitindo que a esplanação dos objetos de estudo, contemplem o dialógo entre a grafia tradicional e a imagem.

Estas outras maneiras de apresentar um “ethos” e a imersão cultural e humana existente no fenômeno no campo antropológico, são contemplados não só com a fotoetnografia, mas também com fotoetnotextografia.

Existem ainda duas considerações, a serem feitas e ambas se referem a utilização da fotografia na antropologia visual, e o seu uso, neste estudo “Fotoetnotextográfico”, feito sobre o Ilhéu, seus mitos e a sua religiosidade, na Ilha dos Marinheiros.

A fotografia, mais do que qualquer coisa, descortinou diante do olhar dos próprios ilhéus, a sua vida. Eles se viram protagonistas e puderam aprender sobre si mesmo, em um mundo que cada vez se comunica mais por imagens, e tem tanta dificuldade para se enxergar, pois se vê demais.