sexta-feira, 11 de abril de 2008

Uma questão de empatia

As relações com os ilhéus, tiveram início em 1999, nas visitas a cada casa e a cada família da ilha, onde se apresentava-se, conversava-se e realizava-se fotografias sómente quando autorizado. A práxis, sugerida por John Collier Jr. (1974), onde as imagens eram devolvidas ampliadas em cada nova visita, foram feitas desde o início. Isto se fez nos últimos nove anos, de forma ininterrupta, fazendo com que a investigação participante, rende-se alguns milhares de imagens fotográficas, e um relacionamento que ultrapassava a simples “observação participante”. O fato de ter sido aceito como um deles, e participado de inúmeros eventos na comunidade, contribuiu muito para isto.
Percebe-se a importância do dizer de Malinowski, em suas sugestões na introdução do livro “Os Argonautas do Pacífico Ocidental”, quando diz que, “(…) recomenda-se ao etnógrafo que de vez em quando deixe de lado máquina fotográfica, lapis e caderno, e participe pessoalmente do que está acontecendo”. (MALINOWSKI. 1984.31)

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Falando sobre a pesquisa com fotos...

Organizar as imagens de forma a comporem um texto interativo, entre o escrito e o visual, é o que caracteriza, o que se chama de “Fotoetnotextografia”.
Não é mais estranho, o fato da fotografia só aparecer como ilustração de tabalhos científicos. Agora, ela tem se apresentado também como um forte aliado na produção de textos antropológicos e etnográficos.
Ao incorporar a metodologia de Gegory Bateson e Margaret Mead, adotada em seu livro “Balinese Character”, de 1942, se procura resgatar o trabalho pore eles realizado, da mesma forma, que a utilização do modelo de Bateson, estabelece uma organização entre o visual e o texto tradicional, de forma que venha a garantir um diálogo entre ambos.
Assim a apresentação da narrativa visual, contempla a utilização de pranchas, sequenciais ou temáticas, de forma que venham a compor uma eficiente transmissão de informações, através da utilização e imagens, de fotografias, que avaliadas cuidadosamente e organizadas com critério, como se faz com letras e palavras, formem uma mensagem, através de cada prancha.
Pode parecer estranho, mas ao sentar para escrever a dissertação, percedeu-se que tinha-se mais de 6.000 imagens digitais e cerca de 2.000 imagens analógicas, sobre a ilha, sobre o povo, sobre a vida e sobre as festas religiosas.
Traçar com as fotografias, um fio condutor, para que o leitor possa compreender e ver a religiosidade popular na ilha e entender através da visualização de outros elementos, o por que de ser da comunidade e cada uma das festas, é a pretensão que se objetiva neste trabalho.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Oferecer, além da possibilidade de ler, também poder ver, é uma das propostas do nosso trabalho com a fotoetnografia, com a fotoetnotextografia.
A observação atenta, com a inserção na comunidade e as exaustivas visitas, aos finais de semana à ilha dos Marineiros, levaram à uma aceitação, deste pesquisador, por parte da comunidade, como alguém que se interessava pore les, por seus problemas e que passava horas a fio sentado a escutá-los, sem apressar-se nunca.
As relações com os ilhéus, tiveram início em 1999, nas visitas a cada casa e a cada família da ilha, se apresentando, realizando fotografias, quando autorizado, e as devolvendo-as ampliadas em cada nova visita. Isto se fez nos últimos nove anos, de forma ininterrupta, fazendo com que a investigação participante, rende-se alguns milhares de imagens fotográficas, e se fosse aceito como um deles.
Elaborar um trabalho de antropologia visual, na área de ciências sociais, com a utilização de imagens fotográfica, exige um minucioso planejamento e uma construção, que deve ser muito bem elaborada. Quando se pensa, que a interação entre os registros verbais e os registros visuais que como diz Samain, ao falar sobre o livro de Bateson e Mead, “Balinese Character”, como “(…) concebidos como verdadeiras fontes de pesquisa e não apenas como meras e possíveis ilustrações”. (SAMAIN. in ALVES. 2004. 53), são de uma enorme importância para o trabalho. As fotografias adquiriram uma importância maior do que a de apenas fragmentos do observado, mas necessitavam de uma eloqüência maior, a fim de mostrarem, narrrarem e recordarem, a realidade espistemológica que procuravam conter de cada fenômeno gravado.