terça-feira, 29 de junho de 2010

A Ilha dos Marinheiros faz parte de um símbolo polissêmico, que permeia a cultura do seu habitante. Pois, ali se reúne uma população de trabalhadores sazonais, visto que são em um momento pescadores - lavradores e em outro momento lavradores – pescadores. Utiliza-se desta expressão para definir o ilhéu porque às vezes, estes pescadores, também exploram a terra, quando impedidos de pescar. A exploração da terra está ligada não só as questões da “piracema”14, como também à afirmação de um pluralismo econômico característico do litoral do brasileiro como diz Maldonado (1986).
Muitos dos outros habitantes da Ilha dos Marinheiros que são agricultores, na época da chamada ‘safra do peixe’15, dedicam-se também a pesca, caracterizando esta definição de serem lavradores – pescadores.
Através deste duplo que constitui as sociedades que habitam as ilhas é que o habitantes insulares elaboram um simbolismo e um imaginário, próprio de uma sociedade ligada ao mundo de ilhéus submetidos ao ciclo da natureza. Um mundo que é real, mas também mítico pois é ao qual estão submetidos, devido às limitações territoriais do seu ambiente natural, a ilha e as águas que a cercam.
De fato, Bachelard diz que “(...) a imaginação não é como sugere a etimologia, a faculdade de formar imagens da realidade; é a faculdade de formar imagens que ultrapassam a realidade, que cantam a realidade” (BACHELARD, 2000:17/18).
Este ambiente insular, por características próprias e inerentes ao seu aspecto geográfico territorial, possui uma população que tem este modo de vida muito particular, ligado a imagens e símbolos associados aos mares.
É um modo distante e diferente do continente, pois vive sob a ordem das águas e das marés e é modelado pelo ciclo dos ventos, pelo tempo cíclico e pela natureza. São estes elementos naturais que estabelecem o ritmo de vida desta sociedade e caracterizam a sua identidade, ditando o seu cotidiano real e o mítico.