terça-feira, 28 de agosto de 2007
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O “Projeto Fotográfico" Ilha dos Marinheiros, criado em 1999, é um exercício de Fotoetnografia sobre a população da Ilha dos Marinheiros.
Ele é desenvolvido por alunos da Escola de Comunicação Social da Universidade Católica de Pelotas/RS, sob a coordenação do Prof. Ms. Carlos Leonardo Recuero. A metodologia do trabalho, se orienta pelo trabalho realizado por Bateson e Mead no mítico livro “Balinese Character”(1942) através da elaboração de pranchas temáticas estruturais e seqüenciais, que norteiam a forma estrutural, que se adota neste trabalho, visto que se busca como diz Achutti “... dar a mesma importância à linguagem escrita e à linguagem visual, fotográfica, no caso”. (Achutti.2004.pg.73.)
Ainda se fundamenta nas orientações de John Collier Jr. enunciadas em seu livro “Antropologia Visual: A Fotografia como Método de Pesquisa” (1973).
A pesquisa utiliza a “observação participante” de Bronislaw Malinowski, e se utiliza da fotografia como meio de dar uma visão mais intensa do cotidiano e dos sistemas de relações dos ilhéus, nas suas manifestações e interações com o sobrenatural, com o mítico e o material, a cultura e a tradição.
O desenvolvimento do trabalho de campo intensivo, é feita mediante a utilização da imagem fotográfica como parte de um sistema de troca, para o aceite no grupo, na comunidade ilhéu e um facilitador para as entrevistas orais e a inserção na comunidade.
A escolha do uso da fotografia está ligada às inúmeras possibilidades de observação e leitura que ela permite. De fato Collier Jr., diz “O valor da fotografia, nesta circunstância, é que ela oferece modos singulares de observar e descrever a cultura...” (Collier Jr. 1973. 34).
Imagens fotográficas tiradas a cada visita são dadas aos ilhéus na visita seguinte, permitindo a criação de um sistema funcional e psicológico de aceite por parte dos nativos, possibilitando um sistema de trocas, pois se “invade sua privacidade e a se registrava fotograficamente”, e ela lhe é devolvida em forma de fotografia.
Aborda-se também as possibilidades da narração, da oralidade, nas manifestações da memória nas entrevistas e na convivência do cotidiano, da inserção na comunidade.
O estabelecimento de um relacionamento baseado no respeito e na empatia entre pesquisador e pesquisado é fundamental, para o desenvolvimento do trabalho.
Assim, ao dirigir-se o olhar sobre este ilhéus, descendentes de portugueses, e se procura compreender uma cultura, uma tradição, uma sociedade delimitada e mensurável pelo espaço geográfico e as conseqüências do isolamento até então vividas.
O cotidiano, suas representações sociais, suas ações coletivas e individuais, e as estruturas das relações que se estabelecem entre a tradição, a cultura, o real e o mundo imaginário, o mundo dos espíritos, da magia e do sobrenatural.
As conseqüências de uma sociedade formada por lavradores e pescadores e o que o cotidiano, o concreto, no ato de viver e se reportar através das festas religiosas dos santos padroeiros, influencia nas estruturas sociológicas, como manifestações sociais, culturais de dádivas trocadas entre o espiritual e o material.
Ao emergir a memória coletiva, e a individual, brota também uma relação com a natureza, com o divino e as relações ontológicas entre o imaginário popular e a tradição inventada, expressada através das linguagens do corpo e pela câmara fotográfica captadas.
Os resgates feitos através da memória coletiva e registrados pela oralidade apontam para a relevância do estudo dos rituais religiosos das procissões católicas, e de que forma as origens étnicas, culturais contribuem para a formação de um patrimônio cultural imaterial e o lugar que possuem no estudo da antropologia.
A partir de uma fundamentação teórica em autores como Gregory Bateson e Margaret Mead, Bronislaw Malinowski, Marcel Mauss, Levi-Strauss, Clifford Geertz, Marshall Sahlins, Pierre Bourdieu, Luiz Eduardo Achutti, André Alves, Etienne Samain, Roland Barthes, Jacques Aumont, Vilém Flusser e Susan Sontag, se trabalha a Antropologia e a Fotografia como forma de discurso cientifico.
Um comentário:
2 vezes???
oO
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